segunda-feira, 11 de junho de 2012

Desvio.



Era uma magrela desengonçada que não se apegava a nada e nem a ninguém. Não que não amasse, amava muito, mas não sentia que amor algum valesse a sua liberdade e, por isso mesmo, não se importava em deixar tudo p'ra trás em busca de dias -e noites- melhores. Ela não temia o desconhecido, pelo contrário, fascinava-se ante ele. Era independente e corajosa, estava decidida a buscar seus objetivos nada convencionais. Queria abraçar o mundo, formular todas as perguntas e, se sobrasse tempo, desvendar as respostas.

A tal guria achava que nenhum detalhe do planeta poderia ser perdido na curta viagem da vida, cada pequena nuance a encantava. Desesperava-se ao imaginar partir sem conhecer tantas culturas, tantos lugares, toques, olhares... Não, ela não se conformava com os caminhos óbvios, tradicionais. Queria o incomum, o surpreendente.
Porém, em alguma parte da jornada, ela se perdeu e, embora a sede de mundo ainda esteja ali a importunando, não sabe até hoje por onde deixou sua coragem. Não sabe nem quem é. Não sabe nada.